Tráfico de drogas:
“sursis” e substituição de pena por restritiva de direitos
A 1ª Turma julgou prejudicado habeas corpus em que condenado
à reprimenda de 1 ano e 8 meses de reclusão em regime fechado e 166 dias-multa,
pela prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes (Lei 11.343/2006,
art. 33), pleiteava a suspensão condicional da pena nos termos em que concedida
pelo Tribunal de Justiça estadual. Em seguida, deferiu, de ofício, a ordem para
reconhecer a possibilidade de o juiz competente substituir a pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, desde que preenchidos os requisitos
objetivos e subjetivos previstos na lei. A impetração questionava acórdão que,
em 9.3.2010, ao dar provimento a recurso especial do parquet, não
admitira o sursis, em virtude de expressa vedação legal. Consignou-se
que, ao julgar o HC 97256/RS (DJe de 16.12.2010), o Supremo concluíra, em
1º.9.2010, pela inconstitucionalidade dos artigos 33, § 4º; e 44, caput,
da Lei 11.343/2006, ambos na parte em que vedavam a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos em condenação pelo delito em
apreço.Asseverou-se, portanto, estar superado este impedimento. Salientou-se
que a convolação da reprimenda por restritiva de direitos seria mais favorável
ao paciente. Ademais, observou-se que o art. 77, III, do CP estabelece a
aplicabilidade de suspensão condicional da pena quando não indicada ou cabível
a sua substituição por restritiva de direitos (CP, art. 44).
HC 104361/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 3.5.2011. (HC-104361)
Chave “mixa” e furto qualificado
O furto praticado mediante o emprego de “mixa” é qualificado
nos termos do art. 155, § 4º, III, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para si ou
para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa
... § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
cometido: ... III - com emprego de chave falsa”). Com base nessa
orientação, a 1ª Turma denegou habeas corpus no qual sustentada a
ilegalidade da incidência dessa qualificadora no crime em comento.
HC 106095/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 3.5.2011.
(HC-106095)
Princípio da Insignificância e furto
em penitenciária - 2
A 1ª Turma retomou julgamento de recurso ordinário em habeas
corpus no qual se pretende a incidência do princípio da insignificância em
favor de condenado pela tentativa de subtração de 1 cartucho de tinta para
impressora do Centro de Progressão Penitenciária, em que trabalhava e cumpria
pena por delito anterior — v. Informativo 618. Em divergência, o Min. Dias
Toffoli deu provimento ao recurso, por entender aplicável, ao caso, o referido
postulado, no que foi acompanhado pelo Min. Luiz Fux. Após, pediu vista dos
autos a Min. Cármen Lúcia.
RHC 106731/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 3.5.2011. (RHC-106731)
Apelação criminal e nulidades - 4
A 2ª Turma retomou julgamento de habeas corpus em que se
reitera a alegação de nulidade de acórdão do TRF da 4ª Região, em virtude de:
a) ausência de intimação de advogado do paciente, ora impetrante, da pauta de
julgamento de apelação e de seu resultado e b) não-participação de revisor
original na sessão de julgamento de recurso criminal — v. Informativo 603. Em
voto-vista, o Min. Joaquim Barbosa acompanhou a Min. Ellen Gracie, relatora, e
denegou a ordem. Aduziu que, quanto à não-participação do revisor originário na
sessão de julgamento, não haveria qualquer nulidade, tendo em vista que sua
substituição por juíza convocada ocorrera com base em previsão legal e
regimental. No que se refere ao outro argumento, consignou que o impetrante
sabia que as intimações dos atos processuais foram feitas em seu nome e no de
outro advogado que vinha sendo intimado desde o primeiro grau de jurisdição.
Portanto, caber-lhe-ia requerer, nos autos, que as publicações não fossem mais
realizadas no nome deste último, mas, tão-somente, em seu próprio nome. Deste
modo, ressaltou que se aplicaria a regra do art. 565 do CPP (“Nenhuma das
partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido,
ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse”).
Após, o Min. Gilmar Mendes pediu vista.
HC 102433/PR, rel. Min. Ellen Gracie, 3.5.2011.
(HC-102433)
Princípio da insignificância e ato de prefeito
A 2ª Turma concedeu habeas corpus para aplicar o princípio
da insignificância em favor de ex-prefeito que, no exercício de suas atividades
funcionais, utilizara-se de máquinas e caminhões de propriedade da prefeitura
para efetuar terraplenagem em terreno de sua residência. Por esse motivo, fora
denunciado pela suposta prática do crime previsto no art. 1º, II, do
Decreto-Lei 201/67 (“Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos
Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do
pronunciamento da Câmara dos Vereadores ... II - utilizar-se, indevidamente, em
proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos”).
Asseverou-se tratar-se de prática comum na municipalidade em questão, mediante
ressarcimento, para fins de remuneração dos condutores e abastecimento de óleo
diesel. Concluiu-se pela plausibilidade da tese defensiva quanto ao referido
postulado, dado que o serviço prestado, se contabilizado hoje, não ultrapassaria
o valor de R$ 40,00.
HC 104286/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 3.5.2011. (HC-104286)
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